Lançamento
Escritora sorocabana mergulha na realidade dos moradores de rua
"Por trás de nuvens escuras, brilha sempre um céu azul" teve lançamento e sessão de autógrafos no sábado (17)

Com um olhar mais profundo para as camadas ocultas da sociedade, a escritora sorocabana Noely Raphanelli trouxe a vivência de pessoas em situação de rua em seu novo livro, “Por trás de nuvens escuras, brilha sempre um céu azul”. O lançamento da obra aconteceu no sábado (17), acompanhado de uma sessão de autógrafos. Ao Cruzeiro do Sul, a autora contou detalhes sobre o processo criativo e de produção.
Segundo Noely, a abordagem de um tema tão delicado surgiu durante um trabalho voluntário no Lar Fraterno Irmã Dolores (Lafid), uma Organização não Governamental (ONG) que atua há mais de uma década no acolhimento e cuidado de pessoas em situação de rua em Sorocaba. Em 2016, ela e o marido começaram a ajudar na triagem dos recém-chegados.
“Na verdade, o livro foi uma ideia do meu esposo, porque na triagem nós ouvíamos muitas histórias dessas pessoas. Muitos contavam o que os levou para a rua, enquanto outros contavam seus sonhos, o desejo de sair dessa condição”, relata a sorocabana. “E eu gostei muito da ideia, pois desde pequena gostava de ler e escrever”.
Desta forma, o manuscrito foi ganhando forma. Ao todo, cerca de 100 atendidos pela organização tiveram sua história contada no livro. As experiências relatadas ao longo das páginas levam o leitor a conhecer o outro lado da humanidade, marcado pelo preconceito, pela dependência química e pela necessidade.
“Esse é um lado feio da sociedade. Nós enxergamos a falta de higiene, a desconstrução humana e, o pior de tudo, as drogas. Acredito que o vício destrói não somente o homem, mas o mundo, em todos os sentidos e países que existem, porque se torna uma obsessão. A pessoa perde completamente o controle de si e da vida”, aponta Noely.
Acompanhado de todos esses aspectos, também vem o preconceito. Durante esses nove anos atuando no Lar Fraterno Irmã Dolores, a escritora já ouviu muitos “não” quando se trata de ajudar pessoas em situação de rua. Enquanto alguns dizem que essa parcela da população está nesta condição por vontade própria, outros acreditam que não existe salvação para esse problema social.
“Para mim, as pessoas têm que ver seres humanos com outro olhar. Muitas nem querem saber ou conhecer o outro lado, já negam a ajuda. Eu acredito que a nossa parte é oferecer ajuda”, opina a sorocabana. “Até porque o preconceito é uma barreira para superar essa realidade social.”
Por dia, segundo Noely, aproximadamente 80 pessoas chegam no Lafid pedindo ajuda. Diante deste
cenário, ela não descarta uma continuação de “Por trás de nuvens escuras, brilha sempre um céu azul”.