Sebastião Salgado, mineiro de Aimorés e cidadão do mundo pelas lentes que captaram a dor e a dignidade humana, faleceu aos 81 anos na França, nesta sexta-feira (23). A notícia foi confirmada pelo Instituto Terra, organização ambiental fundada por ele e sua esposa, Lélia Wanick Salgado.

Economista de formação e fotógrafo por vocação, Salgado transformou sua câmera em instrumento de denúncia social e sensibilidade estética. Por mais de quatro décadas, percorreu o mundo documentando a vida de pessoas em contextos extremos — refugiados, trabalhadores manuais, migrantes, indígenas — sempre com um olhar que combinava denúncia, poesia e empatia.

Seu trabalho em Serra Pelada, no Pará, se tornou ícone global do fotojornalismo, especialmente a imagem da "Mina de Ouro", eleita pelo New York Times como uma das 25 fotografias que definem a modernidade. Salgado também registrou a realidade de mais de 40 países nos projetos Outras Américas, Trabalhadores, Êxodos e Gênesis, este último um tributo à natureza e à diversidade do planeta.

Na década de 1990, criou a agência Amazonas Images para gerir sua obra e, em paralelo, deu início ao Instituto Terra, iniciativa dedicada à restauração ambiental do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais — uma das áreas mais devastadas do Brasil.

Sebastião Salgado foi agraciado com os principais prêmios da fotografia mundial, como o Eugene Smith, o Hasselblad, e o I Infinity. Sua trajetória foi eternizada no documentário O Sal da Terra (2015), dirigido por seu filho Juliano Salgado e por Wim Wenders, indicado ao Oscar e vencedor do César, principal prêmio do cinema francês.

Ele vivia em Paris com Lélia, sua companheira de vida e de projetos, e deixa dois filhos, Juliano e Rodrigo. (Da Redação com Estadão Conteúdo)