Trump retoma guerra comercial com UE e ameaça fabricantes de celular

Tarifa de importação de produtos europeus poderá subir para 50% a partir de 1º de junho

Por Cruzeiro do Sul

Presidente dos Estados Unidos disse que negociações com europeus não avançaram

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retomou sua guerra comercial com a União Europeia (UE), ao insistir, na sexta-feira (23), que vai impor tarifas de 50% ao bloco, porque as negociações não avançam.

Paralelamente, Trump ameaçou aplicar sobretaxas de 25% a todas as empresas que fabricam smartphones fora dos Estados Unidos, entre elas a gigante Apple.

As bolsas registraram perdas na Europa e nos Estados Unidos, por medo de novas perturbações na economia global, após uma calma relativa quando Trump fechou acordos com a China e o Reino Unido.

Trump lamentou que as negociações comerciais com o bloco europeu não estejam avançando e anunciou que recomenda “tarifas de 50% à União Europeia a partir de 1º de junho”.

“Não trataram bem o nosso país. Uniram-se para se aproveitar de nós”, criticou o republicano, descartando que as tarifas prejudiquem as empresas americanas. “Ajudam”, afirmou.

Esses impostos aumentariam drasticamente as tarifas atuais, que são, em média, de 12,5% (2,5% em vigor antes da posse de Trump e mais 10% desde abril). Também renovariam a tensão entre a maior economia do mundo e seus parceiros europeus.

O comissário europeu de Comércio, Maros Sefcofic, afirmou no X que a UE está totalmente comprometida em chegar a um acordo que beneficie as duas partes. “O comércio entre a UE e os Estados Unidos é inigualável e deve ser pautado pelo respeito mútuo, e não por ameaças. Estamos dispostos a defender os nossos interesses.”

O primeiro-ministro irlandês, Michael Martin, considerou o anúncio decepcionante e afirmou que “as tarifas são prejudiciais a todas as partes”.

“Continuamos no mesmo caminho: desescalada, mas estamos prontos para responder”, escreveu o ministro delegado de Comércio Exterior da França, Laurent Saint-Martin, no X.

Apple

Em outra mensagem, que também preocupou os mercados, Trump ameaçou a Apple com novas tarifas caso a empresa não transfira a sua produção de celulares para os Estados Unidos. Na Casa Branca, ele dobrou a aposta e disse que todas as fabricantes vão sentir o impacto das tarifas, que entrariam em vigor no fim de junho.

Trump ameaçou o crescimento econômico global ao impor tarifas de ao menos 10% sobre a maioria dos produtos que entram nos Estados Unidos. Seus impostos, que sacudiram os mercados, incluíram setores específicos e tarifas aduaneiras para a China, que chegaram a 145% (em alguns produtos, a 245%), às quais Pequim respondeu com impostos de 125%.

As duas potências negociaram, então, uma trégua de 90 dias para suspender a maioria dessas tarifas, e Trump anunciou um acordo comercial com o Reino Unido, enquanto negocia com outros países, incluindo o México.

Mas as negociações com a Europa não deram muitos frutos. Em declarações à Bloomberg Television, o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, disse que a taxa mínima de 10% dependia de que “os países e blocos comerciais viessem e negociassem de boa-fé”. (AFP)