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João Alvarenga

R$ 10 bilhões

10 de Maio de 2025 às 20:30
Cruzeiro do Sul [email protected]
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. (Crédito: FREEPIK)

A cifra, acima, que dá título a este artigo, é o montante de dinheiro perdido pelos brasileiros com golpes financeiros aplicados, diariamente, neste País. Detalhe: isso só nos últimos dois anos. O pior: parece que nada, de fato, acontece no que diz respeito ao efetivo combate aos golpistas, que agem impunemente. De acordo com o presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney, isso representa, de 2023 a 2024, um acréscimo de 17% na quantidade de golpes digitais. Ou seja, os valores aram, respectivamente, de R$ 8,6 bilhões para R$ 10,1 bilhões,

Conforme esse levantamento, divulgado, semana ada, pela mídia, as fraudes bancárias envolvem canais eletrônicos, com destaque para cartões de débito. Só para lembrar, os golpes, via Pix, também fazem parte desse pacote maligno, com prejuízos que giram em torno de R$ 2,7 bilhões no mesmo período. Isso, lamentavelmente, representa um crescimento de 43% nas transações fraudulentas. Há, ainda, os casos de aberturas de contas bancárias em nomes de “laranjas”, com vistas à lavagem de dinheiro, confiscos de dados dos clientes, além de empréstimos ou financiamentos sem a expressa autorização dos correntistas. Muitas vezes, a pessoa nem sabe que tem uma conta bancária em seu nome.

Foi exatamente o que aconteceu, há poucos dias, com uma senhorinha de quase 70 anos. A aposentada não só teve a sua aposentadoria delapidada pelos golpistas, como fizeram um empréstimo de R$ 12 mil no nome dela. Mas, isso não é um caso isolado, virou rotina. O fato é que essa fragilidade bancária, não só afeta o sistema financeiro do País, como gera, no cidadão comum, um espírito de desconfiança quanto à segurança desse sistema, que se mostra vulnerável à ação de espertalhões. Tanto que alguns, ironicamente, dizem: “o jeito é guardar meu dinheiro debaixo do colchão”, numa clara alusão ao tempo que ter dinheiro em banco era só para os “endinheirados”.

Logo, pelo noticiário, fica evidente que os aposentados e pensionistas do INSS são os principais alvos desses tipos de golpes. Ou seja, essa categoria que tanto contribuiu para o progresso da nossa nação, lamentavelmente, é a mais lesada deste País. Mas, por que isso ocorre? Simples: a maioria não tem nenhuma familiaridade com o uso da internet. Aliás, não ficam se exibindo nas redes sociais. Mal, sabem manipular um smartphone. Todavia, nunca os aposentados foram tão visados como agora. Sempre inventam um modo de lesá-los. Inclusive, até com descontos indevidos em suas aposentadorias.

Diante disso, é triste perceber que, devido à ingenuidade, muitos idosos se tornam presas fáceis nas mãos de salafrários de plantão. Assim, sempre há uma ligação suspeita, em que, alguém, do outro lado da linha, oferece algum tipo de vantagem duvidosa. Porém, no fundo, não a de uma armadilha que vai tirar a tranquilidade de quem apenas deseja desfrutar de uma aposentadoria com o mínimo de dignidade possível.

No entanto, já houve um tempo, neste Brasil, que para se abrir uma conta bancária, fazer um empréstimo ou obter financiamento, era preciso que o gerente olhasse o futuro correntista, “olho no olho”. Nada era aprovado sem a devida . Agora, nestes tempos virtuais, basta uma foto (mesmo duvidosa) ou uma voz alterada pela inteligência artificial, para que as portas da agência sejam escancaradas aos golpistas. Fazem tudo digitalmente. Os bancos digitais são os preferidos dos criminosos, porque não há como verificar se determinada operação é lícita.

Mas, qual a saída? Uma sugestão: os parlamentares devem elaborar uma lei específica, para que certas operações financeiras: como abertura de contas, empréstimos e financiamentos, ocorram apenas presencialmente, como era antigamente. Ou seja, preservar as agências físicas. Parece um retrocesso? Talvez! Mas, é a nossa segurança que está em jogo. E do País também. Com a palavra, as autoridades. Bom domingo!

João Alvarenga é professor de redação