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Editorial

O preço da comida

09 de Maio de 2025 às 21:30
Cruzeiro do Sul [email protected]
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A inflação oficial fechou abril em 0,43%, pressionada principalmente pelos preços dos alimentos e de produtos farmacêuticos, dois itens essenciais para a vida do brasileiro. O índice é o maior para um mês de abril desde 2023 (0,61%). Em abril de 2024, a variação havia sido de 0,38%. No período de 12 meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) soma 5,53%, o maior desde fevereiro de 2023 (5,6%) e acima da meta do governo, estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, um intervalo de 1,5% a 4,5%.

Desde o início de 2025, a meta é considerada descumprida se ficar seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância. Todos os resultados desde janeiro figuraram acima do teto.

Embora o resultado de abril indique uma desaceleração, é o preço dos alimentos que ainda preocupa o mercado e, principalmente, as famílias, que precisam manter comida à mesa.

Os alimentos integram o grupo de maior peso no IPCA, por isso exercem impacto importante na média de preços da cesta de consumo dos brasileiros. Os produtos que mais puxaram para cima o preço da comida foram a batata-inglesa (18,29%), o tomate (14,32%) e o café moído (4,48%). No caso específico do café, em 12 meses, o produto já acumula alta de 80,2%, configurando-se a maior variação acumulada desde o início do Plano Real em julho de 1994.

Essa preocupação com o preço da comida é pertinente. E essa preocupação ainda deve se estender por algum tempo, sem, no entanto, ser possível precisar quanto. Dados, divulgados na quinta-feira (8), pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostrou que o preço da cesta básica de alimentos aumentou em 15 capitais do País no mês de abril, em comparação a março. As principais elevações ocorreram em Porto Alegre (5,3%), Recife (4%), Vitória (4%), e São Paulo (3,2%).

São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo: R$ 909,25, seguida de Florianópolis (R$ 858,20), Rio de Janeiro (R$ 849,70) e Porto Alegre (R$ 834,22). Os menores valores foram registrados em Aracaju (R$ 579,93 ), Salvador (R$ 632,12), João Pessoa (R$ 641,57) e no Recife (R$ 652,71).

Comparando o preço da cesta básica de abril de 2025 com a do mesmo mês de 2024, houve alta em 15 das 17 capitais pesquisadas, com variações que oscilaram entre 3,92%, em Natal, e 10,5%, em São Paulo. As reduções foram observadas em Salvador (-1,25%) e Aracaju (-0,37%).

No acumulado dos quatro primeiros meses do ano (de janeiro a abril), o custo aumentou em todas as cidades pesquisadas, com taxas que oscilaram entre 4,39%, em Brasília, e 10,94%, no Recife.

Em abril de 2025, o preço do café em pó subiu em todas as cidades pesquisadas, com destaque para Vitória (alta de 15,5% em comparação a março). A batata, pesquisada na região Centro-Sul, aumentou em todas as cidades, com variações entre 11%, em São Paulo, e 35%, em Porto Alegre.

O preço do tomate teve elevação no preço em 15 das 17 capitais pesquisadas em abril, em comparação ao mês anterior. As maiores taxas foram verificadas em Porto Alegre (51,9%) e Vitória (34,2%).

O preço da carne bovina de primeira subiu em 11 capitais, com variações entre 0,06%, em São Paulo, e 1,08%, em Florianópolis. Seis capitais apresentaram redução nos preços, com destaque para Salvador (-2,81%). Em 12 meses, a carne apresentou elevação em todas as cidades pesquisadas, sendo as maiores em Fortaleza (29,2%), Brasília (29%) e São Paulo (28,6%). E uma coisa é lógica: se aumenta o preço nas capitais, aumenta no interior.

Com base na cesta mais cara que, em abril, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional de que o salário mínimo deveria ser suficiente para suprir as despesas de uma família, de quatro pessoas, com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estimou que o valor do salário mínimo necessário, no quarto mês do ano, deveria ter sido R$ 7.638,62 ou 5,03 vezes o mínimo de R$ 1.518.