Funcionários de uma rede de hortifrúti eram alojados em uma casa sem condições de segurança e limpeza, e foram libertados pela justiça na tarde de ontem (26), depois que um dos trabalhadores procurou o Sindicato dos Empregados no Comércio de Sorocaba (SindComerciários) com um modelo de carta de demissão. A atitude levantou suspeitas, já que ele era membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), o que o protegeria de uma demissão arbitrária.

Segundo João Batista Navarette, diretor do Sindicato dos Empregados do Comércio de Sorocaba, os atendentes do SindComerciários, estranharam a ação e resolveram entrevistar o homem. Em seguida, o denunciante mostrou fotos e contou como era a situação de trabalho e de vida no local. A maioria das pessoas que viviam ali era composta por migrantes de regiões como Minas Gerais e Sergipe.

O SindComerciários denunciou a situação ao Ministério do Trabalho, que agiu em regime de emergência, procurando a empresa e, em seguida, visitando a casa onde as vítimas estariam residindo.

Na casa, localizada no bairro Além Ponte, em Sorocaba, viviam cerca de 20 funcionários. Os pertences dos moradores estavam espalhados pelo chão ou pendurados em varais improvisados. Todos os ambientes estavam sujos, inclusive com restos de comida, latas e garrafas espalhadas pelo chão.

O chefe regional do Seint/Divisão Regional de Fiscalização do Trabalho da Região de Sorocaba, Ubiratan Vieira, informou que a empresa será autuada por trabalho análogo à escravidão, em razão dos péssimos alojamentos. O Ministério Público do Trabalho vai entrar com uma ação civil pública exigindo indenização aos trabalhadores por danos morais. O Cruzeiro do Sul procurou a empresa presencialmente e por e-mail, mas não obteve resposta.

Vernihu Oswaldo