Doações de sangue caem com surtos de gripe e dengue
Colsan registra baixa adesão, alta demanda e pede ajuda à população
O aumento dos casos de dengue e influenza tem impactado diretamente na redução das doações de sangue. Embora seja um problema em todo o Estado de São Paulo, a Associação Beneficente de Coleta de Sangue (Colsan) de Sorocaba também enfrenta dificuldades devido ao crescimento das doenças gripais na cidade.
Outro problema recorrente é a baixa adesão à doação de sangue durante os dias úteis. A média ideal para manter um estoque seguro é de 110 a 120 doações por dia. No entanto, de segunda a quinta-feira, a média atual está entre 80 e 90. O gerente médico da Colsan, Frederico Guimarães Brandão, reforça a importância da regularidade nas doações. “Não adianta termos muitas doações no sábado e poucas durante a semana, porque as plaquetas duram apenas cinco dias”, explica. Entre os tipos sanguíneos, os estoques mais críticos são dos tipos O- e O+.
Um terceiro agravante é o aumento na demanda por transfusões. “Com a elevação no número de cirurgias e de outros atendimentos de saúde, a necessidade por sangue também cresce. O problema é que as doações não estão acompanhando essa demanda”, completa o médico. Para que a Colsan consiga abastecer todas as unidades de saúde da Região Metropolitana de Sorocaba de forma adequada, é necessário monitorar diariamente o consumo. A associação depende da contribuição voluntária da população.
O principal desafio, segundo Frederico, é cultural: “Nosso maior obstáculo é a cultura da doação. Em países como os Estados Unidos e os europeus, o número de doadores por pessoa é muito maior do que no Brasil. Precisamos aprender a tornar a doação de sangue um hábito e nos planejar para doar pelo menos três vezes por ano”.
Frederico também destaca a importância da consciência solidária: “Nunca sabemos quando precisaremos de uma doação. Pode ser conosco, com um familiar ou amigo. Mesmo que não conheçamos a pessoa, sempre há alguém precisando. Com uma cultura de doação regular e espontânea, manteremos os estoques estáveis, pois, infelizmente, não existe um substituto para o sangue”.
Quem pode doar e como se preparar
Frederico orienta os possíveis doadores a tomarem bastante líquido no dia anterior à doação, não comparecerem em jejum e descansarem bem na véspera. Ele também recomenda, sempre que possível, a doação durante os dias da semana. O agendamento pode ser feito pelo aplicativo “Doe Sangue, Doe Vidas”, com prioridade para quem tiver horário marcado.
Para doar sangue, é necessário apresentar documento oficial com foto e F dentro da validade (como RG, CNH ou carteira profissional), ter entre 16 e 69 anos, sendo que a primeira doação deve ter ocorrido antes dos 60, pesar mais de 50 kg, estar em boas condições de saúde e alimentado, evitando refeições gordurosas nas três horas anteriores. Não podem doar pessoas com risco elevado para doenças transmissíveis pelo sangue, como usuários de drogas ou quem mantém práticas sexuais de risco. Homens podem doar a cada dois meses, até quatro vezes por ano; mulheres, a cada três meses, até três vezes por ano.